segunda-feira, 7 de julho de 2008

Outono

Quando o verde viçoso se esvai, levado pela brisa fria que desce a colina - anunciada pela agitação da multidão de capins e teimosas margaridas remanescentes - para então dar lugar a tons pastéis e frios.

Quando os dias de primavera e verão decidem abandonar a vida, levando consigo todo o colorido, para então deixar o alaranjado em ocres de tristeza e melancolia.

Quando perder a derradeira folha parece ser a única coisa a se fazer para enfrentar as torrentes turbulentas, precedentes das tempestades de um inverno que já espreita por detrás dos montes.

Quando o horizonte estampa a fúria das nuvens que se avizinham, portadoras das mais pesadas trevas, raios que parecem querer partir os céus e a terra, trovões que retumbam consoante a todo o resto.

Embaixo daquela árvore, tão iguais as demais, tão singular para mim, lembrava amargamente de como tinha sido aquele parque há alguns meses e recordava o que me disse um velho amigo de olhos tristes: "Caem as folhas da razão, maldito outono de saudades." Veio imediatamente à minha cabeça outros tempos, quando o presente não se fazia imperioso e o futuro ainda era futuro... Saudades do futuro.