Ali estava, serpenteando, sinuosa, quase que dançando, até tocar o
horizonte. "Então é assim que ela se apresenta a todos", pensou, concluindo que a estrada levava pessoas, mas trazia muito mais. Aos
viajantes, presenteava trazendo nas asas da brisa o cheiro do mundo. Tanta
gente passava por ali e não se deliciava com aquela canção afinada que o vento
cantava enquanto entrava pela janela do carro para acariciar seus cabelos... Tanta gente passava por ali e não sorvia aos goles aquela estrada de asfalto e sonhos...
Pontes, curvas e retas, colinas, montanhas, lagos, rios e riachos, verdes,
azuis, amarelos e laranjas, tudo isso ela oferecia generosamente, como se
quisesse cativar aos que por ela trilhavam, deixando sempre saudades e
lembranças daquilo que logo se via pelo retrovisor do passado.
E sempre que se quiser, ela estará lá, disponível, pronta
para te levar até o fim do mundo, se você for ousado o bastante para percorrê-la... pouca gente
se apercebe que o horizonte é muito maior que aquela linha que limita o até
onde a vista alcança. As pessoas escolhem um destino e tomam o caminho para
alcançá-lo, mas poucos são os que percebem que o destino está destinado a ser o
caminho em si.