segunda-feira, 7 de julho de 2008

Outono

Quando o verde viçoso se esvai, levado pela brisa fria que desce a colina - anunciada pela agitação da multidão de capins e teimosas margaridas remanescentes - para então dar lugar a tons pastéis e frios.

Quando os dias de primavera e verão decidem abandonar a vida, levando consigo todo o colorido, para então deixar o alaranjado em ocres de tristeza e melancolia.

Quando perder a derradeira folha parece ser a única coisa a se fazer para enfrentar as torrentes turbulentas, precedentes das tempestades de um inverno que já espreita por detrás dos montes.

Quando o horizonte estampa a fúria das nuvens que se avizinham, portadoras das mais pesadas trevas, raios que parecem querer partir os céus e a terra, trovões que retumbam consoante a todo o resto.

Embaixo daquela árvore, tão iguais as demais, tão singular para mim, lembrava amargamente de como tinha sido aquele parque há alguns meses e recordava o que me disse um velho amigo de olhos tristes: "Caem as folhas da razão, maldito outono de saudades." Veio imediatamente à minha cabeça outros tempos, quando o presente não se fazia imperioso e o futuro ainda era futuro... Saudades do futuro.

5 comentários:

Marina disse...

Melancólico... Mas eu também tenho tanta saudade do meu antigo futuro... Era tudo tão mais certo, o objetivo era tão mais exato, que não precisava procurar outro caminho.

Abraço!

Tiago disse...

Meu futuro é passado. Se foi, se perdeu, não tenho mais futuro.

Só tenho presente. E saudades. Saudades de um tempo que não passou, de coisas que eu não fiz, de pessoas que não conheci, de uma vida que não vivi.

Andréia Pires disse...

Gostei daqui. :)

Anônimo disse...

Adorei *.*

Muito bom blog.

Beijos.

Thais Michele Rosan disse...

Outono....

Pra começar, outono é a minha estação preferida...

e o texto está ótimo, envolvente!!

parabéns!

beijos